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1 comentário:

Luís Botelho Ribeiro disse...

[...] ruídos que de há semanas traziam Aveinas sob o jugo de infernal pavor!
Foi preso e entregue aos veteranos da academia de Aveinas para que estes usassem de toda a sua sábia justiça na pessoa do filósofo. Filósofo, sim! Porque, de facto, durante os meses de Outubro a Julho do ano seguinte, que esteve preso, escreveu o livro de pensamentos que é obra de consulta essencial de todo o caloiro, ainda nos nossos dias, bem como outras obras de cariz científico, sentimental, artístico, etc, etc, etc.
Data dessa época em que foi hóspede da "cruel e dura cela", como mais tarde a descrevia a um amigo seu, uma cerrada polémica epistolar que manteve com Elmano da Ria, seu nunca fanático discípulo por um ano, mas depois violento antagonista. Defendia Asnágoras um princípio que se resume na frase: " o burro deve ser o norte do estudante." Ou seja, exortava à divinização do burro como substância metafísica com a qual de deveria impregnar todo o estudante ambicioso de "fazer cadeiras". Contrapunha E. da Ria que, a seguir Asnágoras, os estudantes acabariam antes a fazer cadeiras (no sentido literal que significava trabalho de marcenaria) e avançava uma contra-divisa: " a morte do burro são os estudantes". Embora nunca o tivesse dito, Elmando da Ria referia-se a Asnágoras.
Veio o julgamento e o tribunal deu uma chance a Asnágoras:: se Asnágoras fizesse uma demonstração filosófica em regra salvar-se-ia: senão sofreria a pena capital:
CALOIRO TODA A VIDA NA UNIVERSIDADE DE AVEINAS.
Daí a dias Asnágoras apresentava um trabalho sobre o caloiro, mas o raciocínio demonstrativo metia água por todos os lados. Dizia Asneiras do tipo: "Caloiro é gente!" (continua...)